sexta-feira, agosto 29, 2008

Cookies glaçados de laranja e especiarias e filmes de terror

English version

Orange-spice glazed cookies

Minha mãe não me deixava ver filmes de terror quando pequena. Mas eu sempre dava um jeitinho de espiar, nem que por alguns minutos. Alguns filmes eram mesmo apavorantes, minha mãe tinha razão. Há dois dos quais me lembro até hoje, apesar de não saber os nomes.

Em um deles, uma família feliz começa a desmoronar porque a filha caçula parece estar possuída ou algo assim. Em uma das cenas, há um acidente de trânsito e toda a família sai correndo do carro antes de tudo explodir. Mas a caçula junta os cadarços dos dois tênis da irmã mais velha, amarrando-os, e ela não consegue se mover. E morre. Que medo.

No outro filme, tudo o que consigo recordar é o final, em que há um homem gritando e a câmera se aproxima dele até entrar pela garganta e tudo ficar preto. Daí, os créditos sobem. Igualmente assustador.

Vocês sabem que filmes são esses? Fico me perguntando se não serão uns filmes bem ruinzinhos e eu aqui, curiosa, todo esse tempo.

Como os cookies das fotos. Fiquei curiosa por meses e meses e quando finalmente preparei os biscoitos eles não ficaram bonitinhos como os da receita original. :(

UPDATE: A minha amiga C. leu o post e ficou uma arara comigo... Ela disse que não fui honesta com vocês; na opinião dela, tirei as fotos com fundos claros de propósito para fazer com que os cookies não ficassem bonitos e tambem não mencionei como eles ficaram deliciosos.
Pronto, C. - recado dado!

Orange-spice glazed cookies

Cookies glaçados de laranja e especiarias

- xícara medidora de 240ml

Cookies:
1 ¼ xícaras (175g) de manteiga sem sal em temperatura ambiente
1 ¼ xícaras (250g) de açúcar granulado
1 ovo grande
1 colher (chá) de baunilha
½ colher (chá) de cremor tártaro
3 xícaras (420g) de farinha de trigo
raspas da casca de 1 laranja
1 colher (chá) de canela em pó
½ colher (chá) de gengibre em pó
½ colher (chá) de pimenta-da-jamaica moída
½ colher (chá) de noz-moscada moída na hora
1 pitada de sal

Glacê:
1 xícara (140g) de açúcar de confeiteiro peneirado
gotinhas de baunilha
2 colheres (sopa) de suco de laranja

Unte duas assadeiras grandes, de beiradas baixas, e reserve – forrei as assadeiras com papel manteiga.

Na batedeira, bata a manteiga e o açúcar em velocidade alta, raspando as laterais da tigela algumas vezes, até obter um creme leve e claro (cerca de 3 minutos). Passe para a velocidade baixa, junte o ovo e a baunilha e misture bem.

Acrescente o cremor tártaro, a farinha, as raspas de laranja e o sal, misturando em velocidade baixa até incorporar tudo. Aumente para a velocidade média e bata até obter uma bola de massa.
Caso a massa esteja macia demais para ser aberta com o rolo, embale-a com filme PVC e leve à geladeira até firmar – refrigerei a minha massa por uma hora e meia.

Pré-aqueça o forno a 175ºC e prepare o glacê misturando bem todos os ingredientes numa tigelinha.

Numa superfície bem enfarinhada, abra a massa com um rolo até que ela fique com pouco mais de meio centímetro de espessura. Usando cortadores de biscoito com os seus formatos preferidos, corte os cookies e transfira-os para as assadeiras preparadas e asse por 8-10 minutos.

Retire a assadeira do forno e imediatamente pincele cada cookie com uma quantidade generosa de glacê. Volte-os ao forno e asse por mais 5 ou 6 minutos ou até que os cookies dourem e a cobertura comece a rachar, dando um efeito de craquelê. Retire-os novamente do forno e deixe esfriar na assadeira.

Rend.: aprox. 30 cookies médios – fiz meia receita e consegui 35 unidades com um cortador de 5cm

quarta-feira, agosto 27, 2008

Polenta grelhada recheada com queijo e manjericão

English version

Grilled cheese and basil polenta

Nunca pensei que isso pudesse acontecer, mas... Donna Hay me desapontou.

Aconteceu sábado passado – minha caixinha da Amazon chegou e mal pude esperar para ver os livros novos. O livrinho da Donna era tão fofo! Comecei a folheá-lo, ansiosa para escolher a primeira receita para preparar. Infelizmente, ao bater os olhos nas fotos, apenas uma coisa me veio à mente: “Já vi isso antes. E isso também. E isso”.
Muitas daquelas receitas haviam sido publicadas anteriormente em outros livros e revistas da Donna Hay – aqueles na minha estante. :(

Não estou interessada em comprar livros com receitas que já possuo e acho que vocês também não – por isso quis lhes contar o ocorrido. Deletei da minha wish list os outros volumes da coleção “Simple Essentials”.

Como um lembrete do quão maravilhosas as receitas da Donna Hay são, preparei esta polenta (da revista, #40). Vou lhes dizer: isto é o que chamo de fazer as pazes. :)

Grilled cheese and basil polenta

Polenta grelhada recheada com queijo e manjericão
da Donna Hay magazine

3 xícaras (750ml) de água
1 xícara (170g) de polenta instantânea (Polentina)
60g de manteiga em cubos
½ xícara (50g) de parmesão ralado bem fininho
sal e pimenta do reino moída na hora
½ xícara de folhas de manjericão
2 xícaras (200g) de mozarela passada no ralo grosso
azeite de oliva, para pincelar

Leve a água ao fogo médio numa panela até ferver. Aos poucos, junte a polenta, mexendo sempre para não empelotar – cuidado para não se queimar, pois a danada começa a “pular” quando muito quente. Continue mexendo, cozinhando por 2-3 minutos, ou até engrossar.
Retire a polenta do fogo e acrescente a manteiga, o parmesão, o sal e a pimenta, mexendo bem. Despeje metade da polenta numa forma quadrada de 20cm forrada com papel manteiga untado (usei papel alumínio, sem precisar untar) e espalhe por todo o fundo da forma. Cubra com o queijo e o manjericão e finalize com a polenta restante, alisando a superfície. Leve à geladeira por 15 minutos ou até endurecer.
Corte em quadrados ou retângulo e pincele com azeite. Aqueça uma frigideira antiaderente e frite a polenta por 3-4 minutos de cada lado, até dourar e o queijo do recheio derreter – você pode grelhar a polenta na grade da churrasqueira, se preferir.
Sirva com vitela, cordeiro ou filé grelhados e salada de espinafre.

Rend.: 2 porções – tenho certeza de que a receita serve 4 pessoas dependendo do que for servido junto

segunda-feira, agosto 25, 2008

Panna cotta de saquê

English version

Sake panna cotta

Minha talentosa e querida amiga Clarice está promovendo um evento especial para celebrar o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Para quem não conhece seu lindo blog, ela é brasileira, de ascendência japonesa e vive no Japão há quase duas décadas.

evento Clarice

Eu não poderia deixar de participar e, para isso, deveria cozinhar algo usando algum ingrediente japonês. Pensei em várias receitas e acabei escolhendo esta aqui – apenas substituí a grappa por saquê. Foi a primeira vez que preparei panna cotta e o resultado me agradou bastante – o sabor do saquê ficou bem sutil e as maçãs cozidas com a calda foram um complemento ótimo.

Clarice, espero que goste da minha receita! Demorei a postar porque queria prepará-la na minha cozinha nova. :)

Sake panna cotta

Panna cotta de saquê
adaptada da Australian Gourmet Traveller

300ml de creme de leite fresco
300ml de creme de leite de caixinha
110g de açúcar refinado
casca de 1 limão siciliano, retirada com um descascador de legumes
60ml de saquê
6 folhas de gelatina sem sabor incolor*, mergulhadas em uma tigelinha com água fria

Maçãs ao saquê:
2 maçãs do tipo Gala, sem os miolos e cortadas em fatias finas (mantenha a casca)
suco de 1 limão siciliano
165g de açúcar refinado
raspas da casca de ½ limão siciliano
12 cravos
125ml de saquê

Misture os dois tipos de creme de leite, o açúcar, a casca de limão e metade do saquê numa panela e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até dissolver o açúcar (4-5 minutos). Aumente para o fogo médio e cozinhe, mexendo, até a mistura começar a ferver (4-5 minutos). Esprema a gelatina entre os dedos para eliminar o excesso de água e junte-a ao creme, mexendo bem para dissolvê-la. Retire do fogo e deixe chegar à temperatura do corpo.
Passe por uma peneira, junte o saquê restante, misture e despeje o líquido em 6 moldes com capacidade para 120ml molhados por dentro. Leve à geladeira de um dia para o outro ou até firmar.

Faça as maçãs: coloque as maçãs numa tigelinha e regue com o suco de limão. Reserve.
Numa panela, misture o açúcar, as raspas de casca de limão e ¾ xícara (180ml) de água. Leve ao fogo médio até ferver, reduza para o fogo baixo e deixe cozinhar até a calda reduzir para ¾ xícara (8-10 minutos).
Escorra as maçãs, reservando o suco de limão e junte-as à calda. Adicione metade do saquê em seguida e mexa bem. Aumente para o fogo médio até ferver e em seguida passe para o fogo baixo novamente, deixando as maçãs cozinharem até ficarem transparente, mexendo ocasionalmente (35-40 minutos). Acrescente o suco de limão reservado e o restante do saquê, misture e deixe cozinhar mais um pouquinho, até formar uma calda (8-10 minutos). Deixe esfriar.

Na hora de servir, mergulhe rapidamente o fundo dos moldes de panna cotta em água bem quente e inverta-os em pratinhos de sobremesa. Sirva a panna cotta com as maçãs e a calda.

* a receita original pedia 2 ½ folhas de gelatina com “poder de titânio”. Não sei que poder é esse, por isso usei 6 folhas de gelatina comum; acho que 5 teriam sido suficientes.

Rend.: 6 porções

Sake panna cotta

sexta-feira, agosto 22, 2008

Bolo ultra úmido de amêndoas e limão siciliano

English version

Damp lemon and almond cake

A KJ e seu divertido desafio têm sido uma inspiração para mim. Tenho tantos livros e revistas bacanas... E mesmo assim sempre opto pelos mesmos.

Quero usar mais os outros livros, aqueles que não tenho tirado da prateleira por séculos. Decidir o livro não foi uma tarefa fácil; a receita, entretanto, foi escolhida num piscar de olhos.

A Nigella diz que se vocês conseguirem resistir ao bolo – o que acho difícil – podem embrulhá-lo em duas camadas de papel alumínio e guardá-lo por uns dias, para que tanto o sabor quanto a textura úmida fiquem mais apurados. Não sei se dá certo, pois não sobrou bolo nenhum para ser embrulhado. :)
Acho que o único meio de descobrir se a Nigella está dizendo a verdade é fazer dois bolos de uma só vez. :)

Damp lemon and almond cake

Bolo ultra úmido de amêndoas e limão siciliano
do How to Be a Domestic Goddess

- xícara medidora de 240ml

1 xícara (226g) de manteiga sem sal, amolecida
¾ xícara (150g) de açúcar
4 ovos grandes
1/3 xícara (47g) de farinha de trigo
1 1/3 xícaras de farinha de amêndoas
½ colher (chá) de essência de amêndoas
suco e raspas das cascas de 2 limões sicilianos

Pré-aqueça o forno a 180ºC; forre o fundo de uma forma redonda de 20cm de aro removível com papel manteiga – usei uma de fundo removível.

Bata a manteiga e o açúcar até que fiquem quase brancos. Junte os ovos, um a um, seguidos de ¼ da quantidade de farinha a cada adição. Quando todos os ovos e toda a farinha tiverem sido incorporados, misture delicadamente a farinha de amêndoas, a essência de amêndoas, o suco e as raspas de limão. Despeje a mistura na forma preparada e leve ao forno por 1 hora, checando após 50 minutos – talvez seja necessário cobrir o bolo frouxamente com papel alumínio após 30 minutos para que o topo não queime.
Faça o teste do palito para saber se o bolo está pronto e não o asse em demasia ou não obterá a textura úmida.
Retire o bolo do forno e deixe-o na assadeira por 5 minutos. Vire-o numa gradinha e deixe esfriar completamente.
Corte em fatias e polvilhe com açúcar de confeiteiro antes de servir.

Rend.: 6-8

quarta-feira, agosto 20, 2008

Queijo coalho em crosta de pignoli com pimentão assado

English version

Pine nut-crusted cheese with roasted pepper

Acho que já passaram por isso: uma receita maravilhosa nas mãos mas um dos ingredientes não é fácil – quiçá impossível – de se encontrar. Tudo bem, usemos outro produto.

A Valentina me disse uma vez que o queijo coalho é parecido com o haloumi – até faz aquele barulhinho nos dentes quando mordido. Então, queijo coalho seria. Mas o tipo encontrado no supermercado era aquele em palitinhos. :(
Não querendo pedir ao pobre do marido para ir a mais um mercado, decidi “colar” os palitinhos de queijo na frigideira antes de passá-los pela mistura de pignoli. Ah, quanta esperteza! Exceto por um pequeno detalhe: o queijo não derretia. Nadinha. Por isso, meu plano não funcionou, como podem ver na foto. Mas a receita é tão gostosa que tinha de compartilhá-la com vocês.
Recomendo muito - com o queijo certo, é claro. :)

Pine nut-crusted cheese with roasted pepper

Queijo coalho em crosta de pignoli com pimentão assado
da Donna Hay magazine

½ xícara (80g) de pignoli tostados
2 dentes de alho amassados
1 ½ xícaras de folhas de salsinha - misturei salsinha e orégano fresco
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
sal marinho e pimenta do reino moída na hora
250g de queijo coalho fatiado
2 colheres (sopa) de azeite de oliva - extra
450g de pimentão vermelho em conserva*

Coloque os pignoli, o alho, a salsinha, o azeite, o sal e a pimenta num processador de alimentos pequeno e pulse algumas vezes, para misturar – não moa completamente os pignoli. Espalhe esta mistura sobre as fatias de queijo.
Aqueça o azeite extra numa frigideira antiaderente grande em fogo alto. Adicione as fatias de queijo e frite por 1-2 minutos de cada lado, até dourar.
Sirva imediatamente com o pimentão.

* Ou remova as tampas dos pimentões, corte-os ao meio, retire todas as sementes e as partes brancas. Coloque as metades numa assadeira ligeiramente untada com óleo, com a parte da pele virada para cima. Pincele com azeite e leve ao forno pré-aquecido (200ºC) até que a pele comece a ficar com pontos pretos. Retire do forno e imediatamente transfira os pimentões para uma tigela de vidro. Em seguida, cubra-a firmemente com plástico ou filme PVC e deixe esfriar – a pele dos pimentões sairá facilmente.

Rend.: 4 porções